sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TRABALHADOR RURAL – HISTÓRIA E LUTA/COSTUMES E TRAJES



O vaqueiro é um excelente profissional porque aprende a arte desde criança, tendo assim à possibilidade de desenvolver a suas capacidade aos poucos, de forma instintiva. O vaqueiro não só é um mestre montando o cavalo em situações dificílimas, no alagado e na terroada, mas também um craque no artesanato do couro, preparando ele mesmo nas noites de inverno e nas horas de folga os seus apetrechos, caprichando à vontade.

A profissão de vaqueiro para os ingênuos pode parecer uma moleza, coisa de analfabeto rude. Pelo contrário, exige uma afinação muito grande de todos os sentidos que lhe permita reconhecer as rezes que para os profanos são todas iguais, os sintomas das doenças, o rastro do animal na terroada, manejar os apetrechos da profissão com grande habilidade e sobretudo montar com mestria, fazendo do cavalo o seu mais precioso colaborador.

A baeta era o elemento característico do vaqueiro marajoara: uma capa muito simples, de feltro vermelho que vinha do sul, feita na medida para a nossa terra. Na chuva era uma maravilha: o caboclo por baixo ficava bem quentinho, sempre com uma grande liberdade de movimentos. Para completar o figurino, na cabeça sempre o chapéu de palha, com um galho de erva cheirosa por dentro

Até uns anos atrás a situação social do vaqueiro era bastante precária, porque a maioria deles não tinha carteira assinada e recebia o pagamento com o rancho cada mês. Não necessariamente era uma situação ruim, dependia do dono que de fato podia tratá-lo como um membro da família em caso de doença ou como o escravo. Sempre, porém ele estava numa situação crítica e arriscada, na incômoda situação de quem não pode dispor de dinheiro para as suas necessidades. Agora o vaqueiro conhece os seus direitos, apesar de que às vezes ele fique vítima de padrinhos que o exploram em lugar de defendê-lo.

O vaqueiro à moda antiga pertencia não somente a outra geração e sim a outra época. O relacionamento dono-vaqueiro, vaqueiro cidade (podemos bem dizer, o resto do mundo) eram substancialmente diferentes filhos de vaqueiro era vaqueiro, eram poucos os que conseguiam libertar-se da cerca que prendia bichos e homens, faltando o aliciamento das chamadas da TV, vivia preso pelo serviço, o conhecimento profundo da natureza enchia o vácuo das informações externas, para voar mais alto recorria à ajuda dos seus duendes preferidos, como cabocla Mariana, custódio da boa vista e concluía satisfeito; “mais do que Deus, ninguém!”.
O vaqueiro era um homem isolado fisicamente pelas grandes distancias e espiritualmente pela falta de meios de comunicação. O programa de rádio alô, alô interior (AM) era uma rede que unia todos os que moravam nos campos e na cidade. Ocasionalmente as festas, sobretudo as religiosas, conseguiam reunir todo mundo, com muita amizade e cerveja... natural!
Hoje, vaqueiro tem até procissão, com o Padroeiro dos Vaqueiros, São Sebastião é homenageado no dia 20 pela manhã, com peregrinação montada pelas rua da cidade, já tradicional que vem ganhando espaço e força para um procissão cada vez com mais adeptos. E um dia antes (19) ocorre a famosa corrida de cavalo marajoara, com os autênticos vaqueiros que vem representar as fazendas que trabalham, disputando velocidade e tiração de argolinha.

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