sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dalcídio Jurandir – Obra Prima Marajoara De Pontas de Pedras à Cachoeira do Arari



Dalcídio Jurandir (1909/1979) - Romancista nascido na cidade de Ponta de Pedras, na ilha do Marajó, e criado no município marajoara de Cachoeira do Ararí, na Av. Cel. Bento Miranda, Bairro de Petrópolis (hoje já modificada), escreveu a maior saga romanesca da literatura amazônica - o ciclo Extremo Norte. Seus romances, quase todos ambientados na Amazônia, tem a cor e o cheiro da região, pronunciados por um dos textos mais bonitos que brotaram nesta terra. Morreu em 1979, é considerado o maior romancista de toda a literatura amazônica. É autor de Chove nos Campos de Cachoeira, Marajó, Três Casas e um Rio, Belém do Grão-Pará, Passagem dos Inocentes, Ponte do Galo, Primeira Manhã, Os Habitantes, Chão dos Lobos e Ribanceira, obras que compõem o ciclo Extremo-Norte, e do romance operário Linha do Parque. Suas obras sempre contaram com uma péssima distribuição nacional. As editoras nunca tiveram preocupação com o planejamento de novas edições, por isso, sem nenhum título nas prateleiras, um dos expoentes da segunda fase modernista foi condenado ao ostracismo. Dalcídio virou coqueluche entre os intelectuais após o I Colóquio realizado na Ilha de Marajó, em 2002. Depois disso, muitas teses e dissertações, de diversas partes do Brasil, brotaram nas universidades brasileiras. Um dos principais responsáveis por essa difusão foi o Dr. Günter Carll Pressler, alemão radicado em Belém. Foi sua à idealização do I Colóquio. Em 2003, Ruy Pereira, sobrinho do escritor, fundou o Instituto Dalcídio Jurandir no Rio de Janeiro, destinado a resguardar e tirar do limbo a grande obra dalcidiana.
À noite em Cachoeira, sobre os campos queimados também se queima e perde a paz. Alfredo tem um sono como aqueles campos ardendo, como aquela noite queimada. E quando o vento cresce sobre os campos ouve-se no chalé o gemido da terra e da noite que o fogo queimou.
Alfredo ergue-se e olha de novo. Os campos se queimam, mas em janeiro as grandes chuvas lavam a marca do fogo.
Os campos ficam verdes e se deixam depois ficar dentro d’água e os mururés florescem entre os peixes”. (edição critica de Chove nos campos de Cachoeira/Rosa Assis – Belém – UNAMA – 1988).


“Quando eu morrer levem-me para Cachoeira, enterrem-me debaixo da folha miúda (a minha árvore, de fronte do chalé, toda a minha infância). Quero ficar ali, perto do rio e perto de casa, debaixo daquela sombra, entre ao ninhos e as estrelas.
Parece que todos os meus sonhos ficaram pendurados naqueles ramos, todo o meu primeiro deslumbramento. Eis porque minha saudade me faz ter esse desejo romântico ...”

Dalcídio Jurandir, setembro de 1932

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