Dalcídio Jurandir (1909/1979) - Romancista nascido na cidade de Ponta de
Pedras, na ilha do Marajó, e criado no município marajoara de Cachoeira do Ararí,
na Av. Cel. Bento Miranda, Bairro de Petrópolis (hoje já modificada), escreveu
a maior saga romanesca da literatura amazônica - o ciclo Extremo Norte. Seus
romances, quase todos ambientados na Amazônia, tem a cor e o cheiro da região,
pronunciados por um dos textos mais bonitos que brotaram nesta terra. Morreu em
1979, é considerado o maior romancista de toda a literatura amazônica. É autor
de Chove nos Campos de Cachoeira,
Marajó, Três Casas e um Rio, Belém
do Grão-Pará, Passagem dos
Inocentes, Ponte do Galo,
Primeira Manhã, Os Habitantes, Chão dos Lobos e Ribanceira, obras que compõem o ciclo
Extremo-Norte, e do romance operário Linha
do Parque. Suas obras sempre contaram com uma péssima distribuição
nacional. As editoras nunca tiveram preocupação com o planejamento de novas
edições, por isso, sem nenhum título nas prateleiras, um dos expoentes da
segunda fase modernista foi condenado ao ostracismo. Dalcídio virou coqueluche
entre os intelectuais após o I Colóquio realizado na Ilha de Marajó, em 2002.
Depois disso, muitas teses e dissertações, de diversas partes do Brasil,
brotaram nas universidades brasileiras. Um dos principais responsáveis por essa
difusão foi o Dr. Günter Carll Pressler, alemão radicado em Belém. Foi sua à
idealização do I Colóquio. Em 2003, Ruy Pereira, sobrinho do escritor, fundou o
Instituto Dalcídio
Jurandir no Rio de Janeiro, destinado a resguardar e tirar do
limbo a grande obra dalcidiana.
“À noite em Cachoeira, sobre os campos queimados também se queima e
perde a paz. Alfredo tem um sono como aqueles campos ardendo, como aquela noite
queimada. E quando o vento cresce sobre os campos ouve-se no chalé o gemido da
terra e da noite que o fogo queimou.
Alfredo ergue-se e olha de novo. Os campos se queimam, mas em
janeiro as grandes chuvas lavam a marca do fogo.
Os campos ficam verdes e se deixam depois ficar dentro d’água e os
mururés florescem entre os peixes”. (edição critica de Chove nos campos de
Cachoeira/Rosa Assis – Belém – UNAMA – 1988).
“Quando
eu morrer levem-me para Cachoeira, enterrem-me debaixo da folha miúda (a minha
árvore, de fronte do chalé, toda a minha infância). Quero ficar ali, perto do
rio e perto de casa, debaixo daquela sombra, entre ao ninhos e as estrelas.
Parece
que todos os meus sonhos ficaram pendurados naqueles ramos, todo o meu primeiro
deslumbramento. Eis porque minha saudade me faz ter esse desejo romântico ...”
Dalcídio Jurandir,
setembro de 1932
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